Crônica - O restaurante de esquina - Parte 1


Restaurante de esquina, todos são parecidos, mas cismo em vir somente no que fica a 5 quadras de onde moro. Esse me traz recordações, lembro dos meus dias felizes, dos tempos em que era a filhinha do papai que tinha tudo o que queria e na hora que queria. Percebo o erro de eu ter me acostumado a ter tudo o que queria, hoje me vejo uma pessoa que se desilude a cada não que recebe.

Dias atrás eu tinha resolvido procurar um emprego, apesar de receber minha mesada todo final ou inicio de mês, eu queria minha independência financeira. Por fim, recebi a ligação de um escritório de Recursos Humanos, me fizeram um questionário que se tornou vago para mim, eu mal consegui responder qual era o nome completo dos meus pais - detalhe: ambos ainda tinham nomes de solteiros, apesar de casados (???) -. A moça desligou e eu sabia que ela não retornaria para marcar a entrevista pessoalmente.

No final da tarde, lá estava eu no mesmo restaurante que costumo frequentar, porém, eu trouxe comigo o meu caderno de anotações confidencial (que já está acabando). O garçom sempre vem conversar comigo e ficamos alguns minutos contando sobre dicas musicais, algumas vezes repetidas, mas sempre são interessantes e compatíveis com a situação. Gosto desse lugar, ele me agrada de ponta a ponta, desde as pessoas que trabalham ao modo como as paredes foram decoradas, tudo muito surpreendente, calmo e retro. 

Quando retorno para casa, percebo que tenho 3 chamadas perdidas e vou verificar, uma é do meu pai e as outras duas são um numero desconhecido que muito provavelmente eu não vou retornar. Ligo para o meu pai. Papo vai, papo vem, ele me conta que vai vir passar uma temporada comigo, - ele e minha mãe, claro, os dois não ficam longes um do outro -, achei a possibilidade de ver meus pais ótima.

Sai para ir ao mercado comprar o que estava precisando, mas no caminho me bateu uma vontade de retornar ao restaurante de esquina, e como era fim de tarde estava rolando aquele café da tarde 'mara' que só eles fazem. Chegando, eu já logo pedi: "Um café expresso, por favor". E eles me trouxeram o melhor café do mundo. O dono do local hoje estava por lá, veio ao meu encontro e batemos um breve papo, no fim ele me fez uma proposta de emprego, mas não era de garçonete e sim na parte administrativa, no escritório deles. Aceitei de imediato!

Continua...

Karina

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