23:23 é o
que diz.
Quem pensa em mim?
Claro, 23:23 é o que marca meu celular. 23:28 esta no
notebook, e 11:25 está no grande relógio de parede que minha mãe ganhou de seu
chefe. Mas, se é possível apelar, diria que meu celular é o que merece mais
crédito. Independente de estar devidamente sincronizado ou não com o horário de
Brasília, de que me importa os minutos a mais ou a menos que os deputados
contaram antes de bater o ponto? Tais minutos, entretanto, muita diferença já
fizeram quando desesperada eu olhava para eles enquanto corria torcendo para
que o portão do colégio ainda se mantivesse aberto. Também como aqueles
deliciosos cinco minutos matinais, essenciais à uma boa noite de sono, ou os
dois minutos após estes, quando minha musica preferida servia de trilha sonora
para o mais agradável bom dia do dia. Será? Será que ele pensa em mim? Mas já
faz tanto tempo desde a última boa noite que desejamos um ao outro, é bem
possível que seja apenas minha vontade. Minha saudade, daqueles tempos.
Olhe só, eu não corro mais para chegar a tempo ao portão da
escola. Já faz um tempo, aliás, que não passo por lá. Agora os minutos que me
fazem checar o celular com frequência são aqueles tais sessenta de minha hora
de almoço. E aqueles cinco minutos de sono ainda são extremamente necessários,
mas, me falta o bom dia.
23:24 é o que diz. Ou 23:29, 23:26 tanto faz. Se essa
regrinha boba tiver ao menos um fundinho de verdade, qualquer pessoa que puder
ter se lembrado de mim, já se esqueceu. Talvez na próxima 23:23, ou 11:11,
00:00, não importa realmente, apenas que alguém em algum lugar, talvez aquele
cara que minha tia avó disse Deus ter feito para mim, ou aquele amigo, aquele
alguém, pense em mim e esteja ansioso em me (re)encontrar.
Só talvez.
“Saudades de você.
Boa noite”
Eu disse, meu celular merece crédito.
Raiane
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