Crônica - Não dá pra voltar no tempo..

Hey! - Gritava o meu coração. - Não vai aceitar essa nova chance de amar ele? Está esperando o que menina? Você tem uma nova chance! não deixe que ela escorra pelos seus dedos como água. 
Mas antes de qualquer julgamento, vou contar a história. 

Tudo começou quando éramos apenas nós dois, fomos amigos, melhores amigos e por fim tivemos um relacionamento. Na época, ainda não havíamos definido o que era o nosso relacionamento, se era amizade colorida, ou namoro, mas no fundo sabíamos o que nós realmente éramos, namorados! Com o logotipo de casal perfeito, nascidos um para o outro. Muitos diziam que haveria casamento. 
Passados alguns anos, nos deixamos levar pela rotina, mal tínhamos um assunto para conversar, mal conversávamos. Nosso relacionamento começou a desgastar. 
As ligações de boa noite se tornaram raras, vez ou outra isso acontecia, e era geralmente quando voltávamos de um passeio, momento em que parecia que nosso amor renascia, e no dia seguinte, num piscar de olhos, acabou...
Passado alguns meses, não havia ligações de boa noite, nem abraços no encontro, nem mãos dadas. Eis que num dia completamente normal me informam sobre algo que devastou meu coração. Uma velha amiga minha, meu atual namorado, se encontrando enquanto eu passava horas e mais horas estudando para um concurso que nem mesmo consegui passar. 
Eu não liguei de imediato, eu esperei uns 2 dias para ligar, mas quem ligou não foi eu, foi ele. Imaginei a cara que ele fez quando me ligou, bastou eu ouvir o som de sua voz, bastou eu ouvir a sua respiração profunda. Não era cansaço, era arrependimento. Ele me contou tudo o que havia acontecido, tudo! Desde o primeiro encontro ao primeiro abraço e por fim, o primeiro beijo. Eu não expressei nada, quando ele terminou de falar apenas desliguei o telefone. 
Não demorou uma semana para que todos os pertences dele estivesse na porta do seu apartamento - que dividia com o irmão mais velho -, e no final dessa semana, desabei em lágrimas. 3 anos, não são 3 dias, tivemos uma história juntos, compartilhamos momentos e independente do relacionamento desgastado, eu o amava. 
Ele me ligou durante 7 meses, eu não retornei nenhuma de suas ligações, terminei a faculdade, fiz intercâmbio, morei um tempo fora e retornei para o meu país de origem, Brasil. Quatro anos se passaram, estou morando num local diferente e trabalhando num lugar diferente. 

Nós dois nos esbarramos na entrada do elevador, foi um encontro de ombros leve, mas o suficiente para que eu olhasse para o lado e ele também, e nossos olhares se cruzassem. 
Na lista de funcionários que eu teria que coordenar, o seu nome constava. Dia após dia, eu recebia uma olhada e vez ou outra uma indireta. 
Num dia, depois do expediente, o  setor inteiro resolveu ir num bar que ficava a umas 3 quadras do trabalho. Um local agradável e aconchegante - por sinal -, ficamos perto o resto do dia, eu tentando manter distancia a qualquer custo, ele investindo todas as tentativas possíveis, até que no final, quando eu estava indo embora e havia me despedido de todos, menos dele, percebi que ele me seguiu até o carro. Eu não estava afim de conversas com ele, mas por fim, ouvi o que ele tinha a dizer. 
Confesso que foram palavras bonitas, ele chegou a dizer que nossa história não devia ter terminado daquela maneira, o blábláblá de sempre, mas não vou deixar de admitir que ele conseguiu balançar meu coração.

Estive só durante muito tempo, prometendo a mim mesma que o cara certo iria aparecer, estou ficando 'velha', minhas amigas já estão casadas, menos eu. O príncipe que eu cheguei um dia acreditar que existia, na verdade, é um conto de fadas, não existe, definitivamente. O que existe é aquele cara que vai se identificar com você e os seus gostos e você com os dele, e não se iluda com a frase de 'os opostos se atraem', porque isso é outra coisa que não existe! 

Karina

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